O governo federal definiu em 2014 um reajuste de 8,32% no piso
nacional dos professores da educação básica e causou atrito com a
categoria no momento em que Aloizio Mercadante deixa o Ministério da
Educação para assumir a Casa Civil da Presidência.
Os docentes esperavam de 13% a 15%. Agora, acusam o MEC de ter
"maquiado" os dados para o cálculo do índice, previsto em lei, como
forma de reduzir o impacto nas contas de Estados e municípios --que
pressionavam a União por um percentual menor.
Em tese, com o
índice, nenhum dos 2 milhões de professores da rede pública poderá
ganhar menos do que R$ 1.697 --hoje são R$ 1.567.
A CNTE
(Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) diz, porém, que a
grande maioria dos municípios não cumpre a regra. Não há na lei punição
prevista.
"O índice não condiz com o que foi repassado a Estados e
municípios pelo Fundeb [fundo de apoio ao ensino básica, cujos repasses
do ano anterior são usados para definir o reajuste]. O governo fez
maquiagem", disse o presidente da CNTE, Roberto Leão. Ou seja, para a
entidade, os repasses foram maiores.
A categoria, afirma ele, pretende fazer uma greve de três dias em março, como forma de pressionar o governo.
Paralelamente
às críticas do sindicato, o senador e ex-Ministro da Educação Cristovam
Buarque (PDT-DF) iniciou na Justiça Federal uma ação pedindo a
suspensão da portaria que definiu os parâmetros do reajuste.
A
Justiça negou o pedido de liminar (decisão provisória), mas ainda
julgará o mérito da ação. "Eles manipularam os dados. Temos a convicção
de que o governo tungou o dinheiro dos professores", afirmou Cristovam.
Embora
o MEC ainda não tenha anunciado oficialmente o índice, o percentual foi
confirmado por Mercadante em reunião com os docentes, segundo a
entidade, e já foi usado por alguns Estados.
Para o 1º
vice-presidente do Consed (que reúne secretários estaduais de Educação),
Eduardo Deschamps, a forma de cálculo precisa ser mais transparente e
estável. "O índice demora muito a ser definido. Trabalhamos com um
orçamento às escuras que, depois, precisa ser refeito."
Em notas,
o MEC e o Tesouro Nacional negam maquiagem e afirmam que o reajuste
varia de acordo com "estimativas anuais das receitas formadoras do
Fundeb, as quais, não raramente, requerem revisões das projeções".
O
MEC também ressaltou que a correção supera a inflação do período e que
prefeituras e governos têm tido muita dificuldade de acompanhar o
reajuste.
No ano passado, o aumento ficou em 7,97%. Em 2012, foi de 22,22%.
(Por Ranier Bragon e Flávia Foreque - Da Folha de São Paulo/SP, 22/01/14)
(Por Ranier Bragon e Flávia Foreque - Da Folha de São Paulo/SP, 22/01/14)
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